O Mago: Capítulo 4 – Aliança Rompida (Quarta Temporada)



Castelo de Viturius

A noite sempre foi bela por todos os cantos do Reino de Viturius, mas parecia que a magia negra havia levado boa parte dessa beleza. Todos no Palácio aparentavam estar em festa. De longe era possível ouvir  a música, e algumas pessoas mais eufóricas que celebravam algo que mudaria absolutamente tudo. Todos os súditos foram convidados para essa tal comemoração, o rei Alim tratou de ser gentil para com todos que integravam seu Reino. Do lado de fora do Palácio, uma  névoa densa se aproximou, trazendo consigo Aron, que usava uma grande capa preta, tampado boa parte do seu corpo, deixando apenas  parte de suas mãos do lado de fora. As mãos de Aron não estavam mais no tom de pele de antes, mas em uma cor frígida, praticamente sem vida, algo também marcava sua pele, fazendo tatuagens peculiares com escritos mágicos, que brilhavam às vezes em um tom avermelhado. Aron levantou sua cabeça enquanto caminhava até o portão principal, notando que a Vila aos pés do Palácio estava praticamente vazia. Ele tirou o capuz bem devagar, revelando o seu novo rosto, que por sua vez estava marcado com as mesmas inscrições que suas mãos continham, Aron parecia não temer a presença dos guardas há poucos metros de distância dele. Os guardas reais se assustaram ao ver tal criatura, não podiam identificar Aron, então avançaram, pedindo que ele parasse onde  estava, o mago apenas sorriu e pareceu acatar as ordens dos guardas, mas ao movimentar levemente da mão, os guardas caíram em um sono profundo, logo ele sorriu pelo feito. Aron se aproximou de um dos guardas, e fez com que somente esse despertasse, o beijando, sem tempo para qualquer reação, logo terminou com o beijo, então o guarda se viu com o corpo todo marcado com as mesmas inscrições que o mago possuía.

– Um recado para o seu rei, não haverá paz, enquanto tudo isso não me pertencer. – Aron disse, calmamente, adormecendo o guarda novamente. Ele olhou para o Palácio, que sempre lhe foi familiar, mas estranhamente não se lembrava de tudo que viveu alí. Aron levantou as mãos um pouco acima da cabeça. – Arapat Vrieta Eropre! – Ele pronunciou, desaparecendo em seguida. Assim que ele desapareceu, os guardas despertaram, sem entender exatamente o que aconteceu.

Um deles avistou o outro companheiro de guarda, marcado com inscrições mágicas, rapidamente o levaram para dentro, procurando explicação para a estranha sensação que todos também estavam tendo.

No salão principal, enquanto a música lenta tocava sendo orquestrada pelos músicos reais, todos dançavam pelo salão, devidamente trajados com roupas luxuosas. Um pouco afastado de omde todos dançavam, Alim tinha o olhar um tanto perdido, olhava para o nada, pensando no que havia acabado de fazer, seus olhos então começaram a lacrimejar, no exato momento em que Lion se aproximou. Lion, irmão de Aron, parou ao lado do rei, ficando calado inicialmente, mas ele sentia que algo estava estranho, que alguma coisa estava deixando o rei perturbado.

– Eu sei que meu irmão está vivo, Alim, mas não sei onde ele está. Agora vejo que a magia tem limitações e não podemos com tudo. – Lion  comentou, quebrando o silêncio de diálogo que havia  se instalado. – Mas também sei que você não está nem um pouco feliz por ter se casado, não eram seus planos, não era o que você queria, porém você fez o que acreditou ser certo, não deve se atormentar por isso… você fez o melhor para o Reino. – Continuou, olhando de soslaio para o seu soberano.

Alim escutava tudo com atenção, e pensava que Lion estava certo, mas também pensava que ele poderia ter tentado encontrar outra saída para o seu povo. Ele olhou para Lion, que também o olhou, parecia esperar por uma bronca ou algo do tipo, mas o que recebeu foi um abraço fraternal de seu rei.

– Eu jamais vou me esquecer do seu irmão, Lion. É ele quem eu amo e sempre  vou amar… ele fez muito por mim, fez muito por nós, não tem como esquecê-lo, mas espero não ouvir mais você dizer que ele está vivo, pois eu não sei se acredito mais nisso. – Disse, nitidamente triste, saindo do abraço, e seguindo para perto de sua esposa. Lion o observou durante o trajeto que fez até o outro lado do salão, olhou para os lados e viu  Galbo entrar, parecendo apressado. Galbo se aproximou de Lion e segurou sua mão, voltando seu corpo para a saída.

– Venha comigo! – Galbo falou, puxando Lion. – Temos problemas. – Concluiu ele ao ver que Lion parecia resistir. Lion seguiu Galbo até a saída do salão principal, os dois se entreolharam antes de seguirem pelo corredor.

Lion ficou espantado ao ver o guarda que Galbo lhe havia dito, se aproximou dele com cautela enquanto era observado pelos outros. O jovem feiticeiro olhou atentamente para cada uma das inscrições desenhada no corpo do guarda, que de fato não sentia dor alguma, apenas estava assustado.

– Ele apareceu da névoa, sir, e fez todos  adormecerem… ele olhou em meus olhos e disse apenas que o Reino só teria paz novamente quando ele o tomasse nas mãos dele. – O guarda contou, se lembrando como se o desconhecido bruxo tivesse em sua frente. Lion  agradeceu, e pôs  a fechar os olhos enquanto tocava cada inscrição, que começaram a brilhar, deixando os presentes assustados. O jovem  feiticeiro parecia ter ficado incrédulo quando  terminou de analisar cada uma das marcas.


Castelo de Zaro

Aron retira sua capa assim que aparece no quarto do Castelo, ele caminha devagar até a janela, passando a fitar a escuridão que fazia no entorno do Castelo. Seus olhos avermelhados revelavam que o lado bondoso adormeceu. Aron colocou as mãos  uma próxima da outra de forma que ele pudesse ver, então sorriu maliciosamente.

– Zoripea Druza Evedere. – Aron pronunciou, fazendo com seus olhos brilhassem de forma intensa, só parando quando nas mãos dele surgiu uma adaga de fina lâmina. O Mago passou a mão pela lâmina afiadissíma sem temer o corte que pareceu ser algo iminente. Retirou as mãos da lâmina assim que ouviu passos se aproximando, escondendo a adaga na cintura. – Ezantapralo. – Ele pronunciou, deixando a arma invisível aos olhos de outros seres.

A porta do quarto de abriu lentamente, revelando Zaro, que por sua vez entrou e a fechou novamente. Ele tinha um sorriso até muito sincero para quem usava e abusava da magia negra. Zaro se aproximou de Aron calmante, levando a mão até a cintura do mago, que se arrepiou. O bruxo puxou Aron para si, ficando apenas uma folha de papel de distância, logo aproximou seus lábios dos lábios de Aron, que retribuiu mais uma vez como fazia nos últimos tempos em que era mantido alí. Zaro parecia um animal insaciável, guiou Aron até a cama sem deixar de beijá-lo, parando apenas  quando sentiu algo atravessar sua carne o ferindo mortalmente. De volta ao estado visível, a adaga se encontrava cravada no peito de Zaro, que liberou seu centro de magia. Aron deixou que o corpo  frio do bruxo caísse sobre a cama e absorveu o centro de magia. O jovem mago se ajoelhou no chão, sua cabeça doía além do impensável, mas ele tentava resistir a dor  enquanto algo muito estranho acontecia com seu corpo, por baixo de suas vestes, algo se mexia, logo Aron  se pôs de cabeça para o auto, abrindo involuntariamente a boca, deixando que uma criatura semelhante a um Dragão saísse. Aron se levantou rapidamente, cambaleando. A criatura começou a crescer, ficando maior que Aron, com uma cor avermelhada e marcada com as mesmas inscrições que existiram em Aron,  que se afastava para trás, amedrontado e visivelmente desorientado.

– Você fez o que ele queria, jovem mago. – A criatura afirmou com sua voz tremida e falha, avançando com perigo para perto de Aron, que por sua vez não notou a janela. O Mago despencou da Torre mais  alto  do Castelo para a escuridão sem fim que habitava o entorno. Enquanto ele caia, uma gargalhada tremendamente assustadora pode ser ouvida, ecoando pelos quatro cantos do Reino.

CONTINUA

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